Sinapses em Ebulição

Carnaval de 2010. Tempos de preguiça e paz como há muito não se via na capital das alterosas. Se me permitem, apresento abaixo um dos frutos da então situação. Uma letra tosca e que ainda pode ser alterada. Era o puro ócio criativo, a mente ativa e corroída pelo som de Garotos Podres, Ratos de Porão, Replicantes e por aí vai. É aquilo que chamamos de revolta gratuita.


Se algum maldito assim o desejar, fique à vontade para musicalizá-la. Apenas uma exigência:  tem que ser no embalo do Punk Rock. Mau tocado, barulhento, sujo e desafinado. Quem sabe um dia eu tomo vergonha e empunho o baixo para tocá-la na parceria. A vontade ainda persiste e pulsa, mesmo que seja através de um fiapo que escorre lento pelo ralo. Por enquanto é mais fácil assentar a bunda gorda na cadeira e deixar a mente sofismar na frente do PC. Veja lá...

Vai um pedaço?

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Traidor do Sistema 

(André Paim / Fev.2010)

Porco traidor do Sistema

Maldito assim por si só

Os juros do poder sou eu quem pago

A fila está cada dia maior

Gravatinha borboleta

Mocassin do ano, Terninho cortado

Cachorro leve e solto no jardim

Meu carro do ano é importado

Minha conta bancária é uma beleza

Cheia de cifras sujas e canalhas

O escritório tem uma secretária bacana

A vista lá de cima é sempre bem melhor

Porco traidor do Sistema

Maldito assim por si só

Os juros do poder sou eu quem pago

A fila está cada dia maior

Eu odeio suburbanos, mendigos e aleijados  

E todos os doentes sociais

O desprezo, a petulância e a arrogância

Sem ajudas ou esmolas, sumam todos daqui!

Os empregados me odeiam mas isso pouco importa

Tem revolta coletiva com a exploração no trabalho

Divisão de lucros, piada de mau gosto

Na estória até o Sindicato é comprado 

Porco traidor do Sistema

Maldito assim por si só

Os juros do poder sou eu quem pago

A fila está cada dia maior