3 de abr. de 2010

Neuroses em Ebulição


Nunca fui um cinéfilo de primeira. Eu curto ir ao cinema, claro. Mas filosofar sobre cinema jamais foi a minha praia, especialmente sobre a sétima arte contemporânea e a sua enxurrada de filmes lotados em explosões, elementos fantasiosos e aquelas tramóias recheadas de blá-blá-blá norte-americano. Por isso, tenho voltado a alugar uns filmes clássicos, que marcaram época de algum modo. Nomes como Easy Rider, Nascido para Matar e Juventude Transviada são alguns bons filmes que eu vi nos últimos tempos. 

E para os juninhos de plantão, segue uma boa dica de filme para os momentos de preguiça e tédio no conforto do lar. Me refiro a "Tudo o que você sempre quis saber sobre sexo, mas tinha medo de perguntar", obra clássica de Woody Allen, lançada em 1972. Para quem ainda não viu, o filme é composto por sete episódios a partir de temas relacionados com o sexo, abordando tabus envoltos ao assunto, como Traição, Sodomia e Homossexualismo. Mas sem nenhum limiar dramático na exposição das polêmicas. Pelo contrário, os tabus são trabalhados por Allen como algo pra dar risadas, tirar um sarro, satiriza. E por que não?

Após um avantajado bacalhau no almoço no feriado da páscoa, tive o prazer de assistir a esta comédia non-sense de Allen. Como diretor ele é realmente muito bom. A grande maioria dos filmes de sua autoria, principalmente os mais antigos, são sempre recheados de diálogos intermináveis, roteiros minimalistas mas que tornam-se grandiosos na mente dos protagonistas e estórias surreais, geralmente sobre relacionamentos humanos. Penso que Allen seja um completo refém de suas neuroses. Um neurótico público ou coisa do tipo. E isso transparece claramente em suas obras! 


"Não despreze a masturbação, afinal é fazer sexo com a pessoa que você mais ama"

Mas melhor do que diretor, Allen brilha mesmo como ator. Ele reserva para si os melhores papéis, interpretados sempre com a maestria habitual. Acompanhado de modelos e atrizes insinuantes em seus filmes, os personagens de Woody giram em torno de somente uma pessoa: é aquele baixinho "quatro-olhos" com cara de mané, síndrome de inferioridade, mestre do humor negro e das tiradas certeiras. Afinal, é eternamente o personagem Woody Allen. E o filme em questão não é diferente. O lunático constrói a trama através de uma grande comédia, atuando ora como um bobo-da-corte fracassado, ou um garanhão italiano que satisfaz a mulher somente em locais públicos, ou como um espermatozóide complexado. Pois é, Allen interpreta um espermatozóide em close microscópico, na hora do "vamos-ver". É Hilário e surreal ao mesmo tempo. 

Segundo o próprio cineasta, "Tudo o que você sempre quis saber sobre sexo, mas tinha medo de perguntar" é um amontoado de piadas sustentadas por um fiapo de roteiro. Woody esmerou-se no conteúdo cômico deste longa, que deveria ser filme de cabeceira para o pessoal do Pânico na TV, Casseta e Planeta e o já extinto TV Pirata. Uma aula do humor de qualidade...

3 comentários:

  1. Destaque para o espermatozoidezinho assustado... E uma negativa para a batalha com a teta gigante!

    Valeu, tio Woody:
    "O cérebro é o meu segundo órgão favorito".

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  2. Claro Bruno. E não podemos deixar de destacar a relação de amor (à primeira vista) entre o Dr. e a Ovelha!

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  3. Esse cara de óculos parece com alguém que eu conheço, um cara que trabalhou comigo...

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